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Foto do escritorMariana Lira

A Menina Que Não Sabia Ler - John Harding

Atualizado: 27 de out. de 2018

Sobrenatural ou Imaginação?



Sinopse: Numa distante e escura mansão onde nada é o que parece, a pequena Florence é negligenciada pelo seu tutor e tio. Guardada como um brinquedo, a menina passa seus dias perambulando pelos corredores e inventando histórias que conta a si mesma, numa rotina tediosa e desinteressante. Até que um dia encontra a biblioteca proibida da mansão e passa a devorar os livros em segredo. Porém, existem mistérios naquela casa que jamais deveriam ser revelados. Por que Florence sonha sempre com uma misteriosa mulher ameaçando Giles, seu irmão caçula? O que esconde a srta. Taylor? E por que o tio a proibiu de ler? Florence precisa reunir todas as pistas possíveis e encontrar respostas que ajudem a defender seu irmão e preservar sua paixão secreta pelos livros – únicos companheiros e confidentes – antes que alguém descubra quem ousou abrir as portas do mundo literário.


"É uma história curiosa a que tenho de contar, uma história de difícil absorção e entendimento"

Imagine a cena: Você entra despretensiosamente em uma livraria, vê um livro que te chama atenção. A capa é linda, o título interessante, você resolve comprar e o leva para casa. Só que quando você começa de fato a leitura percebe que a primeira impressão foi totalmente errada e o livro te surpreende. Foi esse o meu caso com A Menina que Não Sabia Ler.


A história se passa no ano de 1891, na Nova Inglaterra, numa mansão antiga chamada Blithe House. Nossa narradora nesta história é uma garota de 12 anos chamada Florence, que junto com seu irmão mais novo Giles de 9 anos, vivem na enorme casa completamente negligenciados por seu tio e tutor. Florence e Giles são irmãos de um mesmo pai e orfãos de pai e mãe, tendo a mãe de Florence morrido no parto e, após o nascimento de Giles, tanto a nova esposa quanto o pai dos pequenos morrem em um acidente de barco.

Temos bem poucos personagens na história e o cenário quase único é a própria mansão. Florence é uma garota com muita imaginação que aprende a ler sozinha e escondida, pois a alfabetização lhe é negada pelo tio, que por experiências passadas, acredita que mulheres não devem receber tal educação. O único que sabe de seu amor pelos livros é seu irmão e, um pouco mais adiante, seu vizinho Theo Van Hoosier. O mistério que envolve a história é acerca dos pais dos protagonistas e os sonhos da Florence, onde ela vê o irmão ser roubado por uma mulher misteriosa e não consegue impedir.


A leitura desse livro não é das mais fáceis pois o primeiro ato da história é bem lento. Além da apresentação dos personagens, você conhece o contexto do dia a dia da Florence, vê que ela é uma menina com uma imaginação muito fértil e com gostos de leitura bem densos e pesados para uma menina de sua idade. Como ninguém sabe de seu gosto pela leitura e de suas tardes na biblioteca, percebemos também que ela cresce aprendendo a dissimular bastante para que possa continuar com sua rotina secreta. É tão lento que confesso que de uma primeira tentativa, desisti da leitura.

É fato que eu estava no meio de uma ressaca literária por causa da série Os Bedwyns, da Mary Balogh, mas em minha pesquisa desse livro descobri que não fui só eu que achei o começo cansativo. Hoje, depois de concluir a leitura, entendo que o propósito do ator teria sido talvez criar uma atmosfera do que seria a Blithe House. Algo parado, negligenciado, onde nada acontece. É de se supor que duas crianças pequenas precisem de muita imaginação para poder viver ali.


O segundo ato foca na busca por uma preceptora, que seria uma espécie de professora e babá ao mesmo tempo para as crianças. É aqui onde finalmente a história pega ritmo, pelo menos assim foi para mim. Não quero detalhar muito pois seria spoiler e esse é um livro que, caso você vença o marasmo do primeiro ato, você não pode ter spoiler nenhum sobre o que vem a seguir. Daqui pra frente qualquer detalhe pode entregar a história e estragar a experiência de alguém. Vou apenas dizer que são apresentadas duas preceptoras e apenas a segunda fica na casa. Esta, a Srta. Taylor, é envolta em mistérios, tem alguns hábitos incomuns e a Florence não fica confortável em sua presença.

Deste momento até o final do livro você não sabe mais em quem confiar ou acreditar. Estamos vendo tudo pelos olhos da Florence e seus relatos por vezes ficam tão fantásticos que são pouco críveis. O livro se propõe a ser um thriller psicológico então se você estiver bem imerso a leitura vai ficar até desconfortável às vezes. Você não consegue distinguir se há algo realmente de sobrenatural acontecendo ou se é a imaginação muito fértil da Florence dando um toque de fantasia a tudo.

O final é bem surpreendente. No começo da leitura você nunca esperaria pelas ações da Florence no final da trama. Não posso dizer que gostei do final de verdade porque não me pareceram ações que uma criança de tão pouca idade tomaria, nem que uma menina com 12 anos tivesse tamanha maturidade ou calculismo em seus atos. Existe uma sequência de acontecimentos por exemplo que não dá para acreditar que algum adulto na história se deixou convencer, envolvendo a Florence em uma estação de trem, mesmo para uma menina alta para sua idade.


Não posso dizer que desgostei da história mas ela também não entra nas minhas favoritas. Fiquei bastante incomodada com algumas questões que são levantadas na história e jamais respondidas. Logo na apresentação da Srta Taylor você desconfia de quem de fato é aquela mulher, eu pelo menos acertei em minhas suspeitas, mas não há um aprofundamento dessa descoberta. Surge um possível mistério sobre o tio que também fica sem resposta e sobre a própria mãe da Florence. Existe um volume dois desse livro, mas não o lerei agora porque de fato a história não me pegou e a sinopse do segundo não deixa muito claro se teremos as respostas que o primeiro volume fica devendo. Mas até aí, nada neste primeiro entrega sobre a história. Nem a campa, nem o título, nem a sinopse. Quem sabe uma leitura para o futuro?


Ficha técnica

ISBN: 978-85-629-3611-1

Formato: 16 x 23 cm

Número de páginas: 288

Ano de lançamento: 2010

Tradução: Elvira Serapicos

Gênero: literatura estrangeira

Livros relacionados: A menina que não sabia ler (vol. 2)


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