Não há verdadeiros vencedores na guerra, apenas vítimas.
Sinopse: Valerie tinha três anos de idade quando foi levada de Paris para Londres, durante a Segunda Guerra Mundial. Agora, aos vinte anos e sozinha no mundo, ela se candidata, com nome falso, a uma vaga de emprego na livraria do avô, Vincent Dupont. Ele é seu único parente vivo e a única pessoa que sabe o que realmente aconteceu com seus pais biológicos. À medida que passa a conhecer melhor o ranzinza e reservado Dupont, Valerie vai puxando o fio da própria história. Mas essa história não se completa: qual seria o segredo devastador que Vincent estava disposto a tudo para esconder?
Esse livro foi um combo de tudo que eu gosto: Temática da Segunda Guerra Mundial, romance e ficção histórica, relação mãe e filha, Paris. Vários temas que eu amo todos amarrados com laço de fita só para mim. Ele foi a viagem de fevereiro do Turista Literário e minha primeira leitura de fato do ano.
A história nos conta a história de 3 personagens. Valerie, uma moça francesa porém criada em Londres, que está em busca de respostas sobre seu passado; Dupont, avô de Valerie, que administra uma pequena livraria no centro de Paris; Mireille, mãe de Valerie, que escolheu ficar em Paris cuidando do pai mesmo durante a Ocupação.
A história acontece em 3 espaços de tempo também, mas de forma nenhuma é confuso. Iniciamos o livro com uma Valerie já velhinha, dividindo sua história de vida com uma jovem no trem. Então a narrativa flui para a jovem Valerie, recém descobrindo que tem sim um parente vivo, seu avô, e decidindo sair de Londres, sob um nome falso, para descobrir porque seu avô nunca foi procura-la depois da guerra. E conforme ela chega em Paris e vai descobrindo sobre como foi para seu avô e mãe o período da ocupação nazista em Paris, vemos um terceiro ponto de vista, da Mireille, contado em forma de flashbacks. E aqui eu dou meus parabéns a Lily Graham porque ela construiu essa narrativa de três tempos de maneira muito organizada e fluída, de forma que não é nem um pouco difícil saber em que tempo se passa o que estamos lendo.
"Para alguns, a verdade é um fardo, algo que nunca pode ser restaurado depois de solto - uma caixa de Pandora - mas para mim foi o oposto. Foi uma âncora no passado que me deu uma sensação de pertencimento, mesmo que fosse um pertencimento doloroso de suportar"
Ainda que estejamos ouvindo a história dessas 3 pessoas pela percepção e jornada de reconhecimento de Valerie, não a considero a protagonista. Ela é sim, o fio condutor que nos mostra a história, mas a narrativa me mostra a Mireille como principal. São suas decisões que movem a história e é a sua história de amor que além de gerar Valerie, motiva a decisão de Dupont de, no futuro, enviar Valerie para Londres em vez de criar a própria neta. Não há como dar muitos detalhes sem dar um spoiler central da história mas o pano de fundo histórico é sobre o épuration sauvage, o expurgo selvagem. Um ato de violência contra todos aqueles que de alguma maneira colaboraram com os nazistas durante a Ocupação, principalmente contra as mulheres. Não havia espaço para argumentação, se você tinha sido estuprada, apaixonado-se, se unido apenas para manter um pouco de pão na mesa dos seus filhos... essas mulheres foram consideradas traidoras, humilhadas em público, algumas inclusive mortas. É sob esse pano de fundo que a história de Valerie é construída. Por isso digo que Mireille é a principal.
A escrita da Lily Graham é muito gostosa, é um livro extremamente fácil e rápido de ler, você realmente não sente as horas passarem e quando vê, ele já acabou. Fiquei chocada ao saber que O Segredo da Livraria de Paris era sua primeira tradução em terras tupiniquins. Fiquei com muita vontade de ler mais dela, mas como não sei ler em inglês, vou ficar monitorando para ver se a Gutenberg lança mais algum dela. Assim que fechei o livro sabia que ele havia virado um favorito. Será um prazer rele-lo em um futuro breve.
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